A gestão eficiente do ciclo de vida de produtos é um pilar crítico para a competitividade industrial. Nela, os conceitos de Phase-in e Phase-out – introdução gradual e descontinuação progressiva, respectivamente – ocupam posição central.
Esses termos, aliás, não são nenhuma novidade. Eles remetem ao contexto da revolução industrial, quando a produção em massa exigiu métodos mais sofisticados para gerenciar transições entre produtos.
Com a globalização e a aceleração dos ciclos de inovação (Indústria 4.0), o acompanhamento deles tornou-se ainda mais urgente. Afinal, as empresas precisam responder rapidamente a mudanças nas preferências dos clientes e às pressões competitivas.
Mas, calma. Vamos tratar desse tema com a profundidade que ele merece.
Continue lendo para entender:
Phase-in e Phase-out são estratégias de transição em projetos, políticas ou produtos. No contexto empresarial, referem-se ao gerenciamento do ciclo de vida de produtos. Isto é, o Phase-in marca a introdução gradual de um novo item no mercado. Já o Phase-out diz respeito à retirada planejada de um produto em declínio.
Estamos falando, portanto, de práticas que otimizam estoques, reduzem custos e alinham a oferta à demanda. Isso de maneira coordenada, considerando o momentum e as particularidades do negócio – bem como do entorno macroeconômico, entre outros fatores.
Um exemplo prático?
Quando uma montadora decide lançar um novo modelo de veículo, ela inicia o Phase-in de componentes específicos para ele. Faz isso, entre outras frentes, solicitando gradualmente a produção das novas peças aos fornecedores.
Simultaneamente, inicia-se o Phase-out das peças relacionadas ao modelo anterior. Ou seja, progressivamente os pedidos são reduzidos. Até sua completa descontinuação.
Entenda, a seguir, quais são as principais razões para se fazer o acompanhamento de Phase-in e Phase-in de maneira estratégica.
O monitoramento estratégico de Phase-in e Phase-in ajuda a compreender melhor as necessidades e expectativas dos clientes. Com as informações obtidas, ofertas e condições comerciais são ajustadas com maior precisão.
Além disso, entender os motivos que levam à descontinuação de produtos auxilia na identificação de oportunidades de melhoria e inovação. Tal proatividade contribui para negociações mais eficazes e alinhadas aos interesses dos compradores.
→ A visibilidade de inventário obsoleto, por exemplo, evita perdas financeiras ao passo que melhora a interlocução entre Vendas e Atendimento ao Cliente.
O entendimento das fases de entrada e saída de produtos também proporciona uma visão clara do ciclo de vida de cada SKU. ele orienta a tomada de decisões estratégicas sobre investimentos, marketing e P&D.
Há mais clareza de quando é o momento certo para introduzir ou retirar um produto do mercado. Por extensão, prejuízos são evitados e recursos são otimizados.
→ Você sabia que o mercado global de gerenciamento de ciclo de vida de produtos deverá crescer 9,2% anualmente até 2030? Ele deverá movimentar USD 54,36 bilhões no período, estima a Grand View Research.
Também é interessante saber que a integração do Phase-in e Phase-out ao planejamento de demanda é bastante benéfico. Ela viabiliza previsões mais precisas e alinhadas à realidade mercadológica.
Além disso, promove respostas ágeis às oscilações de oferta e procura.
→ Ao realizá-la, as empresas ganham eficiência produtiva. Logo, reduzem estoques obsoletos e, consequentemente, cortam gastos.
Empresas que acompanham Phase-in e Phase-out de perto conseguem adaptar-se rapidamente às volatilidades do mercado. Especialmente à evolução das preferências dos consumidores.
Com frequência, essa agilidade se traduz em ofertas mais atrativas, pois alinhadas às necessidades reais de shoppers e utilizadores. Ela contribui para a redução de custos operacionais e para o aumento das margens de lucro.
→ A gestão eficaz de Phase-in e Phase-in fortalece a posição da companhia no mercado e abre caminho para a expansão.
Quanto à estimativa de demanda, ela exige análises cuidadosas para alinhar produção, estoque e distribuição. E isso também pode ser positivamente influenciado pelo acompanhamento de Phase-in e Phase-out.
Considere a montadora de veículos em seu lançamento do novo modelo (Phase-in).
Os componentes específicos, como sistemas de infotainment ou conjuntos ópticos, têm sua demanda diretamente ligada à produção do veículo. Essa é a demanda dependente, que pode ser prevista com base no plano mestre de produção.
Por exemplo, digamos que o projeto é produzir 10 mil unidades no próximo trimestre. E que cada veículo utiliza um sistema de infotainment. Neste caso, a demanda para esse componente será de 10 mil unidades.
Com isso em perspectiva, os provedores da montadora vão planejar sua produção e logística. Eles têm clareza do tamanho do pedido; podem trabalhar pela minimização de desperdícios e garantir a entrega no tempo estipulado em contrato.
Por outro lado, a demanda independente refere-se a produtos cujas necessidades não estão diretamente ligadas à produção de outros itens.
No contexto da indústria automotiva, peças de reposição para modelos antigos exemplificam essa categoria. A demanda por elas é influenciada por fatores externos, como falhas inesperadas, acidentes ou campanhas promocionais. Ou seja, a previsão enfrenta complexidades.
Durante o phase-out do modelo de veículo, a montadora precisa estimar a demanda futura por peças de reposição. Ela vai fazer isso baseando-se em dados históricos de vendas, taxas de falha e tendências de mercado.
Estabeleça diretrizes assertivas para o Phase-in e Phase-out utilizando dados históricos de vendas e sazonalidade.
Por exemplo, ao introduzir um novo produto, projete sua demanda inicial com base nas vendas do produto anterior, ajustando por um fator percentual.
A ideia é garantir transições suaves e previsíveis; minimizar riscos de excesso ou quebra de estoque.
Implemente sistemas que suportem funcionalidades específicas para phase-in e phase-out. Especialmente aplicações que simulam cenários de transição de maneira realista.
Isso vai ajudar a tomar decisões informadas e contextualizadas. Ao mesmo tempo, facilitar a adaptação rápida às mudanças mercadológicas.
Crie uma tabela de mapeamento entre SKUs antigos e novos. Com ela, identifique claramente quais produtos estão em Phase-in e quais estão em Phase-out.
Use essa matriz para monitorar estoque, evitar confusões na cadeia de suprimentos e melhorar a comunicação entre departamentos.
Defina indicadores-chave de desempenho (KPIs) para monitorar a eficácia das transições de produtos.
Métricas como taxa de esgotamento de estoque antigo, tempo de transição e precisão da previsão de demanda são muito úteis. Elas facilitam a avaliação do sucesso das estratégias ações de Phase-in e Phase-out.
Capacite Vendas, Logística e Atendimento ao Cliente sobre os processos de Phase-in e Phase-out.
Faça isso com treinamentos sobre essas transições. Tanto para conscientizar quanto para dar direcionamento de como agir em cada uma delas.
A seguir, veja os equívocos a serem evitados na gestão de Phase-in e Phase-out.
Não estabelecer parâmetros objetivos de quando iniciar o phase-in ou o phase-out leva a decisões arbitrárias. E mais grave ainda: decisões desalinhadas com os objetivos estratégicos da companhia.
A ausência de comunicação eficaz entre áreas como Vendas, Produção e Logística pode resultar em falhas na implementação das fases. Isso afeta a disponibilidade de produtos e a satisfação do cliente, entre outros percalços.
Ignorar informações passadas sobre vendas e demanda é a receita para previsões pouco confiáveis. Daí para o escalonamento dos problemas é um pulo.
Não informar adequadamente sobre mudanças no portfólio de produtos pode causar rupturas na cadeia de suprimentos. Normalmente resulta em insatisfação por todos os lados, inclusive dos clientes.
Se as sugestões e observações de equipes operacionais são ignoradas, a repetição de erros é quase certa. Ela, como sabemos, gera perda de oportunidades de melhoria nos processos; gerar ainda mais gargalos.
Não registrar procedimentos e aprendizados dificulta a replicação de boas práticas e a continuidade das melhorias implementadas.
Ter métodos para acompanhar as fases de introdução (phase-in) e retirada (phase-out) de produtos é fundamental. Sem isso, sequer é possível falar em gerenciamento eficiente do portfólio empresarial. O que dizer da gestão do ciclo de vida das ofertas?
Como uma prática estratégica que impacta positivamente diversos aspectos do negócio, deve-se sempre realizá-la com amparo tecnológico.
Do contrário, tendo apenas o feeling como base, as chances de erros aumentam. E isso, todos sabemos, gera perda de competitividade. Abre caminho para que a concorrência preencha as lacunas deixadas pela companhia.
O que você achou do nosso guia sobre gestão de Phase-in e Phase-Out?