Tendências de Comunicação para o segundo semestre de 2022

O futuro tem muito de imprevisível, mas não significa que é preciso tatear no absoluto escuro. Saber o que especialistas, consultores e pesquisadores estão apontando como muito provável de acontecer é essencial para liderar mudanças na Comunicação Corporativa e torná-la mais atual.

E a maioria dessas tendências já estão em curso e, ao que tudo indica, vão ganhar ainda mais força. Por isso, na lista a seguir constam os principais pontos que devem ser priorizados pelas equipes de Comunicação até o fim do ano.

  1. Atuação consultiva por parte da Comunicação Interna

Depois do aumento substancial do número de funcionários trabalhando em casa desde o início da pandemia da COVID-19, a Comunicação Interna se tornou uma prioridade absoluta nas empresas. Até o fim de 2022, a importância atribuída a ela deve continuar a crescer.

Alguns especialistas preveem que os profissionais dessa área finalmente alcançarão o status de consultores estratégicos no nível executivo

Isso porque nada é unicamente interno nos dias de hoje — as fronteiras tradicionais estão cada vez mais transparentes, o que requer abordagens ainda mais cuidadosas.

  1. Mindset de Marketing na Comunicação Interna

Cada vez mais, os comunicadores internos precisam desenvolver skills caraterísticas dos profissionais de marketing para as campanhas externas. Isso acontece porque existe uma lacuna entre as experiências do cliente e do funcionário que podem ser amenizadas com a adoção de abordagens mais personalizadas, direcionadas e baseadas na experiência do cliente.

Essa mudança de mindset está bem associada ao Marketing. Em vez de desacelerar, as mensagens direcionadas à comunidade interna precisam se atualizar com as tendências que tornaram o marketing ao consumidor tão eficaz. 

Para solucionar essa necessidade, as inovações em tecnologia serão imprescindíveis para encontrar maneiras criativas de envolver os funcionários e eliminar o ruído com suporte tecnológico que nivele o campo de atuação entre as comunicações internas e externas

  1. Foco no bem-estar

Em 2021, 96% das empresas no mundo todo forneceram recursos adicionais de saúde mental a seus colaboradores. Apesar disso, apenas um em cada seis funcionários relata que se sente apoiado, como descobriu a McKinsey.

Logo, a demanda por suporte de bem-estar será um elemento permanente do futuro do trabalho. 

Como a geração Y e a Z agora são mais representativas na força de trabalho, conforme aponta uma pesquisa da Deloitte, é preciso priorizar — também do ponto de ações comunicacionais — os seguintes tópicos:

  • garantia de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
  • apoio à saúde física e mental dos funcionários;
  • suporte ao desenvolvimento das pessoas;
  • liberdade/autonomia para que os profissionais sejam eles mesmos.

Não por acaso cerca de 70% das empresas desejam desenvolver seu apoio ao bem-estar ao longo de 2022, de acordo com o relatório da Gallagher. Por isso, as comunicações internas têm esse peso, fundamental para conscientizar as pessoas sobre a estrutura disponível. 

E, para dar um passo adiante, a alta liderança deve inserir o bem-estar como parte da cultura corporativa, cabendo aos comunicadores incorporá-lo em tudo o que fazem.

  1. Responsabilidade socioambiental

O papel que a sustentabilidade desempenha na tomada de decisões de investimento está crescendo, segundo o Fórum da Escola de Direito de Harvard sobre Governança Corporativa.

Isso explica a necessidade de comunicar dados e iniciativas organizacionais sobre essas questões ainda mais até o fim de 2022 — evitando práticas como o Greenwashing

Para se ter uma ideia, a baixa (ou falta de) qualidade da comunicação de informações e análises ESG foi apontada como um dos fatores que mais desencorajam investimentos na atualidade em uma pesquisa da Blackrock

  1. Design inclusivo

Seguindo o aumento da consciência social, o design universal tem ganhado bastante relevância ao criar produtos e serviços acessíveis a pessoas com um conjunto de habilidades, deficiências ou outras características.

Sendo assim, a comunicação deve incorporar tal prática, facilitando o acesso das pessoas ao diálogo com o negócio nos mais variados pontos de contato. Usar chatbots, ferramentas de narração de conteúdos, entre outras funcionalidades, é uma excelente forma de melhorar a experiência de todos, especialmente das pessoas com dificuldades motoras e outros tipos de deficiências. 

  1. Escuta social

A esfera da opinião pública está cada vez maior e mais complexa, fazendo com que os mais variados stakeholders tenham voz e queiram ser ouvidos.

Dentro disso, deve-se adotar métodos como o Social Listening. Trata-se do monitoramento dos canais de mídia social da marca para qualquer feedback por uma análise para obter insights e agir sobre essas oportunidades, como descreve a HubSpot.

Isso permite transformar informações em campanhas específicas que ajudarão a levar as mensagens da marca a seus públicos de interesse de uma maneira mais relevante. 

  1. Líderes de pensamento

Na virada do ano, a EUreporter já apontava que os gestores e analistas de comunicação deveriam começar a olhar mais para os “líderes de pensamento”

Esses indivíduos compõem um grupo de comunicadores online com bastante fundamentação, especialmente científica — basta lembrarmos como muitos deles se destacaram no auge da pandemia de COVID-19, inclusive ganhando espaço na mídia tradicional. 

Basta saber que 57% dos jornalistas revelam que fornecer dados e fontes que são especialistas facilita o trabalho deles, segundo o relatório Tendências de Mídias Digitais 2022 da Cision.

Essa tendência segue valendo, principalmente quando se trata de transformar os porta-vozes corporativos como líderes de pensamentos. Isso pode ser feito por meio de um media training intensivo com o membro da alta gestão selecionado para representar a empresa diante da mídia.

  1. Crises de imagem e bolhas de informação

O número de vezes que as manchetes de jornais retratam crises de imagem cresceu 80% em nível global, segundo a McKinsey. Até o fim de 2022, as empresas ainda têm grandes chances de lidar com crises de imagem caso não atuem lidem de forma inteligente e calculada com as eleições deste ano.

Afinal, em um cenário político polarizado, é preciso saber como transitar entre vertentes ideológicas completamente distintas. A forma como a sua companhia é vista diante de um grupo não necessariamente será a mesma em outro círculo político. É isso que chamamos de bolhas de informação.

Nesse cenário, os indivíduos reforçam estigmatizações e preconceitos, incitam comportamentos agressivos, entre outras questões que vão contra o exercício saudável da opinião pública, de acordo com Wendy Rose Gould para a NBC News.

Portanto, a melhor forma de prevenir crises de imagem associadas à política em ano de eleição é mapeando essas bolhas e desenvolvendo planos de ação para dialogar com cada uma delas sem manchar a reputação corporativa.

  1. Conteúdo imersivo

No final de outubro de 2021, o Facebook surpreendeu ao anunciar a mudança de seu nome institucional. Nas palavras do CEO Mark Zuckerberg, a nova nomenclatura é baseada no conceito de “Metaverso” da ficção científica; e descreve a visão de trabalhar, socializar e jogar em um mundo sensorial — interação em 3D com a combinação das realidades virtual e aumentada, basicamente.

Os desdobramentos disso indicam que haverá mais ênfase em experiências imersivas nas redes sociais. Existe uma previsão de que o mercado endereçável do metaverso até 2030 atinja entre 8 e 13 trilhões de dólares, segundo um relatório do CitiResearch.

Com as tecnologias associadas à Inteligência Artificial crescendo, é esperado um maior tráfego de conteúdos construídos com mensagens e formatos adaptados ao modelo imersivo — conexões sociais com games online e ambientes interativos realistas, por exemplo.

  1. Data Driven Communications

Houve um tempo em que a personalização envolvia simplesmente incorporar o nome do destinatário em várias partes da comunicação, mas o processo atual é muito mais complexo. Graças às constantes inovações em termos de mineração de dados, por exemplo, as empresas sabem mais sobre seus clientes do que nunca. 

Enquanto isso, as expectativas dos consumidores também estão mudando. As pessoas entendem que as marcas têm acesso a grande parte de suas informações pessoais e passam a esperar (ou até mesmo exigir) comunicações que reflitam esse nível de conhecimento dentro do permitido legalmente — isto é, a partir da Lei Geral de Proteção de Dados.

Cresce, portanto, a necessidade de entregar comunicações baseadas em dados (Data Driven Communications). Isso é feito com a coleta de informações sobre os stakeholders que permitem criar uma abordagem mais envolvente. 

  1. Estratégia guiada por insights

Nesse mesmo movimento de abundância de dados e ferramentas com que a comunicação lida ao trabalhar com o digital, a obtenção de insights que tornam as decisões menos intuitivas e mais pragmáticas é muito esperada.

E isso acontece porque há um grande número de dashboards disponíveis nas plataformas tecnológicas que os profissionais operam cotidianamente. 

Dentro disso, é cada vez mais recomendado centralizar as informações mais importantes em relatórios ricos e de fácil visualização. Ou seja, graficamente inteligentes, que facilitem a interpretação dos insumos e favoreçam boas decisões em tempo hábil.

  1. Data Storytelling

Para mais de 60% das pessoas, lembrar uma história é mais fácil e agradável do que simplesmente citar uma estatística, segundo um estudo da Stanford University. Por isso, na disputa pela atenção dos stakeholders, o Data Storytelling tem ganhado muita força no mundo corporativo em 2022. 

Este método, que combina visualização de dados (como gráficos, tabelas e mapas animados) com recursos de contação de história, deve ser incorporado pelos times de Comunicação.

E isso vai ao encontro dos próprios comportamentos dos stakeholders, cada vez mais acostumados aos dashboards digitais e às narrativas surpreendentes do streaming. Além disso, permite potencializar as narrativas corporativas com informações exclusivas — seja para construção de conteúdo próprio ou para sugestões de pauta para a imprensa, entre outras iniciativas. 


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